O Pequeno Caminho "é uma via impregnada do sentido do abandono confiante à misericórdia divina". (São João Paulo II)

A «pequena via», caminho da confiança e do abandono total de si mesma à graça do Senhor.
(São João Paulo II)

Diante do vazio de tantas palavras, Teresa apresenta outra solução, a única Palavra da salvação que, compreendida e vivida no silêncio, se torna uma fonte de vida renovada. A uma cultura racionalista e com muita freqüência impregnada de um materialismo prático, ela opõe com uma desarmante simplicidade a «pequena via» que, retornando ao essencial, conduz ao segredo de toda a existência: o Amor divino que envolve e imbui a inteira aventura humana. Num tempo como o nosso, muitas vezes marcado pela cultura do efêmero e do hedonismo, esta nova Doutora da Igreja mostra-se dotada duma singular eficácia, para esclarecer o espírito e o coração daqueles que têm sede de verdade e de amor.

Santa Teresa é apresentada como Doutora da Igreja no dia em que celebramos a Jornada Mundial das Missões. Ela teve o ardente desejo de se consagrar ao anúncio do Evangelho e quereria coroar o seu testemunho com o supremo sacrifício do martírio (cf.Manuscritos autobiográficos). Sabe-se também com que intenso empenho pessoal ela susteve o trabalho apostólico dos Padres missionários Maurício Bellière e Adolfo Roulland, um em África e outro na China. No seu impulso de amor pela evangelização, Teresa só tinha um ideal, como ela mesma diz: «O que Lhe pedimos, é para trabalhar pela Sua glória, amá-l’O e fazer com que seja amado» Carta 220).

O caminho que percorreu para chegar a este ideal de vida não é o dos grandes empreendimentos reservados a um pequeno número mas, ao contrário, uma via ao alcance de todos, a «pequena via», caminho da confiança e do abandono total de si mesma à graça do Senhor. Não se trata de uma via a ser banalizada, como se fosse menos exigente. Na realidade ela é exigente, como o é sempre o Evangelho. Mas é uma via impregnada do sentido do abandono confiante à misericórdia divina, que torna suave até mesmo o mais rigoroso empenho espiritual.

Por esta via, na qual recebe tudo como «graça», devido ao fato de pôr no centro de tudo a sua relação com Cristo e a sua escolha do amor, em virtude do lugar dado também aos impulsos do coração no seu itinerário espiritual, Teresa de Lisieux é uma Santa que permanece jovem, apesar dos anos que passam, e é proposta como um modelo eminente e uma guia no caminho dos cristãos para o nosso tempo, que chega ao terceiro milênio.

Grande é, por isso, a alegria da Igreja, neste dia que coroa as expectativas e as orações de tantos que intuíram, com a riqueza do Doutoramento, este especial dom de Deus e lhe favoreceram o reconhecimento e o acolhimento.

(João Paulo II, 19/10/1997)