Somos feitos para crer, esperar e amar.

Somos feitos para crer, esperar e amar.
Reflexões sobre as Virtudes Teologias, baseadas nos escritos do Frei Carlos Josaphat 

FONTE DIVINA DA FELICIDADE E DA PERFEIÇÃO:
a Fé, a Esperança e a Caridade
Para o ser humano, abrir-se à questão do sentido é antes de tudo, crer, esperar e amar. Ele surge no mundo como uma capacidade e uma necessidade de conhecer, de buscar o sentido que deve dar à vida. Seu itinerário vai se esclarecendo com a própria marcha, na medida em que vai sendo superada a procura de satisfação através do simples prazer e da curiosidade banal. Essa vocação à verdade se concretiza, quando se chega a reconhecer que a verdade nos transcende de todos os lados. E que ela pede um aprendizado constante. A verdade é um dom e uma conquista; é um dom inicial que possibilita uma conquista cada vez maior, pelo dom de si à procura da verdade.

Tal é, no sentido mais amplo e profundo, a vocação do ser humano à fé.
Ele não é dono da verdade. Mas é feito para ela. Essa verdade que vai iluminar todos os seus passos, vem pelos caminhos da inteligência e do coração. Ela penetra na existência de cada um e na história da cultura, se é acolhida, ao mesmo tempo, como luz para o pensamento e como guia para ação. Ela há de ser vivida no amor e acolhida pela razão. A primeira experiência que dispõe à fé é essa busca da Verdade "com toda a sua alma," sem parar em uma satisfação com o já adquirido, sem complacência egocêntrica ou qualquer vaidade com os triunfos do saber, mesmo espiritual.

O amor à Verdade é a lei primeira e fundamental da autenticidade para a pessoa humana e para a sociedade.

Vê-se assim como o ser humano é chamado a se empenhar na tendência à verdade, procurando-a com a inteligência e a ela conformando o seu comportamento e a sua vida, tanto no plano individual quanto no domínio das relações sociais. Há uma influência recíproca entre as atitudes de cada um e a orientação de toda a sociedade.

Nesse sentido, a vocação à verdade envolve todo o ser humano e todos os seres humanos. A cultura, as formas comuns de pensar, de sentir, de se comunicar, de se influenciar mutuamente são marcadas, antes de mais nada, pelo amor ou pelo desinteresse pela verdade. O que está aqui em jogo não são as verdades no que toca os pequenos afazeres, as banalidades do dia a dia. É a verdade sobre as grandes questões humanas. Sobre o que concerne o amor, a compreensão entre os seres humanos, a verdade sobre os sentimentos profundos, sobre as tendências e opções decisivas para orientar a vida pessoal e social.

A Igreja, comunhão de verdade e de liberdade, será "Mãe e Mestra" para o ser humano, desvendando-lhe plenamente a vocação divina, que está inscrita, no entanto, no seu íntimo, aonde já trabalha a graça do Espírito, antes mesmo de ser conhecida de forma explícita.
A fé desabrocha em esperança. Pois a pessoa é um feixe vivo de desejos e de projetos. A esperança lhe vem ao encontro, dede que o ser humano,se reconheça qual capacidade de êxito e de fracasso. O indivíduo, o casal, a família, a sociedade em todas suas formas, são regidos por esta lei fecunda e inquietadora: Tudo e todos aspiram pelo êxito e têm horror ao fracasso.A primeira forma de presença da esperança é ir aprendendo como "dar certo" na vida e como dar sentido aos inevitáveis fracassos, dentro do processo de tentativas e erros. E como chegar a fazer do fracasso, uma etapa, a assumir e integrar na caminhada para o sucesso.

A virtude divina da Esperança é uma certeza no coração de nossa vida em marcha, é uma força que ajuda a viver, a superar as crises e a enfrentar os desafios. Ela é uma luz dentro da noite, uma coragem para reconhecer que existir é a primeira graça que já antecipa no escuro e nas incerteza a presença velada e suave de Deus e da vida eterna.

A luz da fé e a força da esperança brotam dessa verdade primeira: no começo, no fim, no centro de nossa existência está o Amor. Nós cremos e esperamos no Amor universal. Para todo ser humano e para toda sociedade, o princípio de toda realização autêntica, de todo desenvolvimento haromnioso é o amor, na sua qualidade e sua força propriamente e integralmente humanas..Ele reconhece, aceita, valoriza a dignidade humana no outro como em si mesmo.Amar é "querer bem" em todos os sentidos dessa rica expressão da experiência de todo homem e toda mulher. "Querer bem": querer "o bem de alguém", "querer alguém como bem", querer a felicidade como "bem" para o outro, como para mim.

O amor é a presença interior do ser amado naquele que ama, atraindo-o, solicitando-o, inclinando-o à união efetiva com este bem-amado. É essa alquimia, essa transformação simples e maravilhosa, que vem operar a Caridade, o amor divino difundido pelo Espírito de Amor em nossos corações e em nossas comunidades. Ele deve transbordar em solidariedade em toda a sociedade humana.

A mensagem evangélica vem revelar Deus e revelar plenamente o ser humano a si mesmo. Ela o confirma em sua vocação a se realizar crendo, esperando, amando.